Em muitas empresas familiares, o conselho de administração toma uma decisão estratégica… e o almoço de domingo pode desfazê-la. O paradoxo é claro: a governança corporativa só funciona se estiver alinhada à governança familiar. E, no Brasil, esse alinhamento ainda é um dos maiores desafios nas transições de liderança.
Famílias empresárias criam conselhos, acordos de sócios e trazem executivos de mercado acreditando que isso basta para profissionalizar a gestão. Mas se a família não tiver fóruns próprios, como conselho de família, assembleias de sócios, e protocolos claros de sucessão, a cultura doméstica invade a empresa. Decisões viram disputas pessoais, sucessores não têm clareza de papéis e a empresa perde agilidade.
Governança é estrutura, mas também é cultura. Quando uma nova geração assume, ela traz novos valores: visão de risco, propósito social, estilo de liderança. Se essa energia não for reconhecida e canalizada, a transição corre o risco de virar choque cultural, tanto dentro da família quanto com executivos externos. É nesse ponto que governança e cultura precisam andar juntas: fóruns que organizam, mas também dialogam com a identidade da família e sua forma de liderar.
Governança corporativa sem governança familiar é casca vazia. Governança familiar sem corporativa é fragilidade. Somente quando essas duas dimensões se reconhecem e se apoiam é que a sucessão acontece de forma saudável, preservando a cultura e, ao mesmo tempo, garantindo profissionalismo e perenidade.
👉 No fim das contas, a pergunta não é se a sua empresa está pronta para adotar práticas de governança. A pergunta é: a sua família está pronta para governar junto com a empresa?