Nos bastidores das grandes famílias empresárias, uma transformação silenciosa está em curso. Não se trata apenas de sucessão — trata-se de preparação real para decisões difíceis, em um mundo mais volátil, mais complexo e com menos tempo para improvisos.
Cada vez mais, vemos a nova geração assumindo o papel de co-responsável pelas decisões do patrimônio familiar, seja ocupando assentos em conselhos, influenciando decisões de investimento ou liderando novos negócios.
Mas esse protagonismo traz riscos e oportunidades.
A inclusão de herdeiros em conselhos não pode ser simbólica. Quando bem estruturado, o conselho familiar é mais do que uma instância de governança: é um espaço de educação, alinhamento e construção de visão de longo prazo.
Famílias que tratam seus conselhos como fóruns estratégicos — e não apenas formais — conseguem reduzir conflitos, antecipar crises e manter a coesão mesmo diante de grandes decisões.
Em entrevista recente à McKinsey, a ex-subsecretária de Defesa dos EUA Michèle Flournoy destacou que "resiliência estratégica não é apenas resistir ao inesperado — é estar preparado para ele".
Esse conceito se aplica perfeitamente ao mundo das empresas familiares.
Criar conselhos que antecipam riscos geopolíticos, fiscais, reputacionais ou sucessórios é um diferencial competitivo e uma proteção real do patrimônio.
Um family office bem estruturado deve atuar em três frentes quando o assunto é nova geração em conselhos:
Educação e Mentoria: Facilitar o acesso a conteúdos, experiências e especialistas que ajudem o herdeiro a entender riscos, ciclos econômicos e governança empresarial.
Integração com a Estratégia da Família: Garantir que a atuação no conselho esteja alinhada aos objetivos de longo prazo, e não apenas a interesses individuais.
Criação de um Espaço Seguro para Aprendizado: A nova geração precisa poder errar, questionar e evoluir — com orientação, não com julgamento.
É possível — e desejável — que herdeiros assumam mais protagonismo. Mas é fundamental que estejam preparados para ouvir, negociar, tomar decisões com base em dados e, principalmente, pensar no legado familiar como algo coletivo e contínuo.
Famílias que investem nessa formação tomam melhores decisões hoje — e constroem um futuro muito mais resiliente amanhã.